Um acervo com mais de 10 mil documentos sobre a política e história da Bahia na década de 1970 foi entregue ao Centro de Memória da Bahia, na noite desta sexta-feira (7). O doador das cartas, despachos, fotos e vídeos é o ex-governador e professor baiano Roberto Santos, 90 anos, que oficializou a entrega em um ato no Palácio da Aclamação, no Campo Grande. Segundo o diretor geral da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, apesar de pessoais, os documentos são de interesse público. Ele contou que todo material que fica aos cuidados da instituição é tratado, higienizado, digitalizado e depois disponibilizado para o público. O gestor destacou a importância do acervo doado pelo ex-governador. “Foi, por exemplo, um ato do governador Roberto Santos que em 1976 resgatou o direito à liberdade de culto no estado da Bahia. Ele fez um decreto no qual desobrigou as instituições religiosas afro-brasileiras de se submeterem a humilhação de precisarem de um atestado policial para que pudessem funcionar. Esse e outros documentos encontramos no acervo”, afirmou. Roberto Santos foi governador da Bahia entre 1975 e 1979. Os documentos deixaram a casa do dele há cerca de um ano. O material foi levado para o Centro de Memória da Bahia, na Biblioteca dos Barris, onde está sendo catalogados e preservados, mas só foi doado oficialmente nesta sexta. O ex-governador contou que a primeira vez em que pensou em doar os arquivos foi durante uma conversa com uma historiadora. “Eu tenho um número muito grande de fotografias e documentos porque visitei a Bahia inteira, todos os municípios. Todo esse material foi se acumulando e a primeira pessoa que falou em doar o acervo foi a ex-presidente da Fundação Pedro Calmon, a historiadora Consuelo Vaz Sampaio. Ficou entrevisto que deveríamos fazer essa doação. O tempo foi passando e eu acabei fazendo a doação”, contou. O acervo inclui cartas trocadas entre o ex-governador e políticos, artistas e intelectuais. Além de fotos e vídeos. Todos devidamente identificados e contextualizados pelo doador. Os documentos passam por cinco estágios até serem disponibilizados para consulta pública e estão na segunda etapa no momento.
