O artista plástico Gabriel Lopes Pontes, de 57 anos, está internado há um mês, no Hospital Geral Roberto Santos, um dos maiores de Salvador, e teve uma cirurgia cancelada cinco vezes por falta de anestesista, segundo a família. O paciente caiu e fraturou a coluna.
"A cirurgia é sempre cancelada no dia, com o paciente arrumado, em jejum. Eles informam que não tem anestesia para aquele dia, para atender", contou a parente de Gabriel Pontes, Meyre Rodrigues.
Procurada, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) negou que cirurgias de urgência e emergência tenham deixadas de serem realizadas por falta de anestesiologistas na unidade. No entanto, não explicou o motivo dos cinco adiamentos do procedimento cirúrgico de Gabriel Pontes.
Segundo Meyre Rodrigues, existem apenas três anestesistas no hospital e os funcionários priorizam os atendimentos de emergência.
"Eles só marcam a cirurgia uma vez na semana. O paciente fica a semana inteira na expectativa, com o psicológico extremamente abalado", afirmou.
Ele já disse que não tem mais esperança, que não tem mais motivos para viver. É um dano físico, porque ele corre risco de paraplegia e psicológico para todos os familiares de pacientes que estão nessa situação.
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) disse, em nota, que soube do cancelamento de cirurgias no Hospital Roberto Santos e enviou ofício à diretoria técnica da unidade. Agora aguarda informações para adotar providências.
Também em nota, a Sesab informou que tem trabalhado para ampliar o número de anestesiologistas em unidades de saúde da Bahia. Contou que aumentou o valor da remuneração dos profissionais de plantão nos maiores hospitais da rede estadual, incluindo o Roberto Santos.
Desde o início de 2023, de acordo com a Sesab, a remuneração por plantão de 12 horas teve um incremento de 35,9%, alcançando R$ 2.650. Atualmente há estudos para um novo aumento.
A Sesab afirmou ainda que foi aberto um credenciamento para contratação de novos profissionais. Como efeito imediato, o HGRS duplicou o total de procedimentos cirúrgicos mensais, passando de 300 para 600.
De acordo com a secretaria, há escassez de anestesiologistas em todo o Brasil, sendo pauta constante no Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
"Infelizmente, o quantitativo de especialistas não acompanhou a expansão dos serviços públicos e o aumento da complexidade dos procedimentos. Adicionalmente, com a chegada de grandes grupos empresariais do segmento de saúde no estado, o mercado ficou aquecido e mais competitivo", afirmou em nota.
Fonte: g1
