A poucos meses do início do julgamento da ex-prefeita de Lima, Susana Villarán, uma peça central na investigação de corrupção envolvendo as construtoras brasileiras Odebrecht e OAS foi encontrada morta neste domingo (29), na capital do Peru.
José Miguel Castro, que atuou como gerente municipal de Lima durante a gestão de Villarán (2011-2014), foi localizado sem vida em sua residência no distrito de Miraflores, onde cumpria prisão domiciliar por determinação judicial. As circunstâncias da morte ainda não foram detalhadas pelas autoridades locais.
Castro havia firmado um acordo de colaboração eficaz com o Ministério Público do Peru e era considerado uma testemunha-chave no caso. Segundo o procurador José Domingo Pérez, da força-tarefa da Operação Lava Jato no país, ele era "a segunda pessoa em importância depois da senhora Villarán". Além de testemunha, Castro também figurava como réu na investigação.
Villarán, de 75 anos, é acusada de liderar uma organização criminosa e de ter recebido mais de US$ 10 milhões em propinas das empreiteiras brasileiras para financiar uma campanha contra a tentativa de revogação de seu mandato em 2013. À época, ela admitiu que houve doações da Odebrecht e da OAS, mas afirmou que o montante foi de US$ 4 milhões, menos da metade do valor apontado pelo Ministério Público.
Entre os crimes atribuídos à ex-prefeita estão associação ilícita, conluio, lavagem de dinheiro, falsidade genérica e falsa declaração em procedimento administrativo. O julgamento está marcado para 23 de setembro.
O caso integra os desdobramentos da Operação Lava Jato no Peru, onde executivos da Odebrecht, incluindo o ex-chefe da empresa no país, Jorge Barata, firmaram acordos de delação com as autoridades. Em seu depoimento, Barata confirmou que a empresa financiou a campanha de Villarán para garantir a continuidade de obras sob sua responsabilidade em Lima.
Fonte: Bahia Notícias / Foto: Rovena Rosa