Neta de Lula diz que Janja ‘não é uma primeira-dama típica’

Neta mais velha do presidente Lula, a comunicóloga Maria Beatriz da Silva Sato Rosa afirmou, em entrevista exclusiva à coluna, que Janja “não é uma primeira-dama típica”. Para Bia Lula, como a neta do petista é mais conhecida, a esposa do avô, “bem ou mal”, ajuda a “blindar” a imagem do marido.

“As pessoas distorcem muito o que ela fala, distorcem a imagem dela. Acho até, às vezes, intencional. Comparam ela com Michelle (Bolsonaro), que é uma coisa completamente desnecessária. Não é uma primeira-dama típica. Ela é uma primeira-dama que quer fazer o trabalho, que quer botar a mão na massa. Ela é uma primeira-dama muito nova. Ela gosta de trabalhar, ela sempre trabalhou na área, e muita gente não entende isso”, disse a neta de Lula, em entrevista concedida na terça-feira (19/8).

Para Bia, Janja é alvo de “machismo”. “Tenho certeza que o machismo é o grande X da questão. Acho também que o fogo amigo é o pior que tem. Então, de fato acontece. De fato, falam. Não é porque falam para mim. Mas a gente sabe que, nos bastidores, acontecem. É um machismo estrutural enraizado”, disse.

“Fora que também é uma coisa daquilo: ‘Poxa, eu queria estar mais perto e não consigo’. Daí colocam a culpa nela. Só que, bem ou mal, ela também ajuda, deixando com que algumas pessoas não cheguem tão perto para blindar a imagem do meu avô de uma certa forma. Acho que ela faz de tudo para ajudá-lo enquanto presidente, jamais para prejudicá-lo”, emendou a comunicóloga.

Na avaliação da neta de Lula, dentro e fora do PT “sempre vão falar” de Janja. “Porque é uma mulher, porque é a mulher do presidente, porque faz o que não era para fazer, porque faz mais do que era para fazer. Enfim, vão falar. Mas acho que ela faz um bom papel, tanto quanto esposa, quanto como primeira-dama”, disse.

Janja ajuda na comunicação, diz neta de Lula

Ainda na entrevista à coluna, Bia Lula avaliou que Janja tem ajudado na comunicação pessoal do presidente. Para a comunicóloga, os vídeos do avô gravados pela primeira-dama ajudam a trazer um olhar mais humano para o petista, algo que a comunicóloga avalia que a família tinha perdido um pouco.

“A Janja é completamente antenada. Ela sabe, ela vai pesquisando, vai sabendo tudo que acontece. Ela grava, sim, meu avô nos momentos mais íntimos deles. Ela se dá super bem com a tecnologia. A minha visão é que ela ajuda a voltar a trazer o olhar do povo mais humano ainda pro meu avô. Porque acho que a gente tinha perdido isso um pouco por conta de tudo o que já aconteceu, né? Todas as notícias ruins, os escândalos, a prisão. Então, acho que os vídeos do meu avô que a Janja faz trazem esse olhar mais humano”, afirmou.

Leia a entrevista na íntegra:

Por que você resolveu começar a gravar esses vídeos com críticas a adversários do seu avô, como o presidente dos EUA, Donald Trump, e o governador Tarcísio de Freitas?
Sempre encontrei uma dificuldade de enxergar na esquerda, de a gente conseguir falar fora da bolha, falar para as pessoas que realmente querem entender o que está acontecendo, só que só chega para elas a versão da extrema-direita, da família Bolsonaro, enfim. Eu sempre me questionava muito: “Poxa, a gente precisa de um nome, precisa de alguém”. E aí, conversando com um amigo, ele falou: “Por que você não faz isso? Por que você não vai, fala e tenta conscientizar as pessoas de uma maneira mais popular, mais dinâmica?”. Aí gravei o primeiro e pensei: “Seja o que Deus quiser”. Gravei, deu certo. E agora estou continuando, porque acho que consegui, minimamente, furar a bolha. E, conforme o tempo vai passando, vou conseguindo chegar a mais pessoas, para elas entenderem a realidade dos fatos.

Você chegou a discutir previamente a ideia de gravar os vídeos com alguém do Palácio do Planalto ou do governo?
Foi tudo ideia minha. Até porque, quando postei o primeiro vídeo, fiquei com muito medo, porque não tinha comentado com ninguém. Só sabiam eu, meu marido e meus amigos que me ajudaram a produzir. Quando soltei, pensei: “Caraca, o que meu avô vai falar? O que vão pensar?”. Enfim, ninguém sabia. Vi matérias dizendo que provavelmente tinha o Sidônio metido e tal. Mas o Sidônio não sabia. Eu nem tenho contato dele. Meu avô viu depois, alguém mostrou para ele, acho que até a Janja. Mas eu não pedi para ninguém do Palácio, não pedi nada. Eu vou pesquisando, vou fazendo. Até porque pedir algo para o Sidônio seria até imoral, antiético. Ele trabalha para o presidente, né? Então, não tem como.

E o que o presidente achou? Ele mandou algum recado, se gostou do vídeo, se você pode continuar ou se deve parar?
Fiquei muito surpresa, porque ele gostou. Estava com medo de levar uma bronca, mas ele me parabenizou. Perguntei, obviamente, se poderia continuar, e ele disse que sim. Eu sempre deixei claro que não quero atrapalhar o governo. Então, em algum momento, se eu atrapalhar, tanto ele quanto qualquer outra pessoa tem a obrigação de me dizer: “Olha só, para, porque você está atrapalhando”. Minha intenção é informar, comunicar as pessoas sobre muitas coisas que acontecem nos bastidores e que não chegam para elas. Quando chegam, vêm de forma muito diplomática, difícil de entender. E a Dona Maria, que mora na comunidade, não vai compreender. Então, a gente tem que falar numa linguagem que todos entendam.

Algumas pessoas viram nessa sua iniciativa dos vídeos uma pretensão política. Você pretende disputar eleições no futuro?
Acho que ainda é muito cedo para falar sobre isso, mas tudo é uma construção, né? A gente tem recebido muito feedback positivo, e isso acaba dando ânimo para pensar além da internet. Não é para agora. Mesmo que ano que vem ele (Lula) não pudesse tentar reeleição, eu não poderia concorrer, porque ele ainda estaria como chefe de Estado. Então, só daqui a quatro anos. Até lá, é tempo de construção: muito estudo, diálogo, participação, leitura, pesquisa. Não quero chegar a um Congresso ou à Câmara como outras famílias que chegam sem saber nada.

Como alguém que trabalha na área, como avalia a comunicação do governo? Acha que precisa melhorar alguma coisa?
Sempre dá para melhorar. Acho que o Sidônio conseguiu, sim, fazer renascer a comunicação do Planalto. Antes, na minha visão, não estava chegando como deveria. Hoje já vejo uma melhora, mas ainda há espaço. Até porque, no ano que vem, teremos eleição, então é importante crescer ainda mais nessa comunicação. Como falei: a informação não chega como deveria. Vem muito burocrática. Teve aquele vídeo dos cachorrinhos, dos gatinhos, que é bacana, mas dá para pensar em outras possibilidades, falar mais olho no olho com as pessoas. Hoje, o corpo a corpo é o celular. Então, é saber usar melhor as redes sociais a nosso favor. Mas, de modo geral, melhorou bastante.

Você já chegou a dar alguma dica de comunicação ao Sidônio ou diretamente ao seu avô?
Para o Sidônio, não. Nem tenho esse papel, nem posso ter. É institucional. Quem sou eu para chegar e dizer o que ele tem que fazer? Já com meu avô, a gente tenta fazer ele entender muita coisa da era digital. Mas é uma pessoa de 80 anos, que vai tentando pegar a linguagem. Inclusive, nos últimos vídeos, achei que ele está mais solto. Mas é difícil. Nosso campo político não sabe usar os algoritmos, não sabe usar a internet a nosso favor. E esse é um grande problema, porque a extrema-direita mostrou como a internet pode ser uma potência. Então, acho que a esquerda precisa assumir a internet para si, fazer do jeito certo e, claro, com todas as regulamentações, para não virar bagunça nem gerar fake news de nenhum lado.

A primeira-dama Janja tem atuado na comunicação pessoal do presidente. Você acha que ela tem ajudado?
A Janja é completamente antenada. Vai pesquisando, sabendo de tudo. Ela grava, sim, meu avô em momentos íntimos, e se dá super bem com tecnologia. Acho que ela traz de volta um olhar mais humano para meu avô, que tinha se perdido com tantos escândalos, prisão, notícias ruins. Os vídeos dela mostram esse lado mais próximo: ele plantando uma árvore, pescando, cuidando dos animais abandonados. Isso aproxima o povo. Ela mostra o presidente humano, não apenas o institucional. Acho que ela tem feito um papel excelente nisso. Senão, ele ficaria só aquele cara burocrático que fala com imprensa e deputados. Esses vídeos mostram o Lula humano.

A Janja costuma ser alvo de críticas, algumas até de integrantes do governo e do PT, que a acusam de limitar acessos ou influenciar demais nas decisões do presidente. Acha que há machismo nisso?
Tenho certeza que o machismo é o grande X da questão. E o fogo amigo é o pior de todos. Isso existe, sim, nos bastidores. É um machismo estrutural enraizado. Fora o ciúme: “Eu queria estar mais perto, mas não consigo”, e jogam a culpa nela. Mas, bem ou mal, ela ajuda a blindar a imagem do meu avô, e isso protege. Acho que ela faz de tudo para ajudá-lo, jamais para prejudicá-lo. Quem ama não quer prejudicar. Ela tem um papel muito importante, mas as pessoas distorcem o que ela fala e sua imagem, muitas vezes até de forma intencional. Compará-la à Michelle Bolsonaro, por exemplo, é desnecessário. Janja não é uma primeira-dama típica: gosta de trabalhar, botar a mão na massa. Sempre trabalhou na área, e muita gente não entende. Ela não ganha salário, faz tudo porque quer, porque acredita. Cumpre bem seu papel, e as pessoas sempre vão falar, porque é mulher, porque é esposa do presidente, porque aparece mais do que o esperado. Mas eu acho que ela faz um ótimo trabalho.

Seu avô vai completar 80 anos em outubro e diz que pretende ser candidato à reeleição em 2026. Você avalia que ele está disposto fisicamente para isso?
Se juntar eu, você e todo mundo aqui, não dá a disposição dele. Ele tem muita vontade de viver e trabalhar. Se depender da saúde, esquece, não tem para ninguém. Ele vai estar super disposto. A gente já teve o exemplo do Biden, que saiu da Presidência com mais de 80 anos. Meu avô se cuida, faz exames regularmente. Para ele, a pior coisa seria ficar parado. Ano Novo, quando estamos juntos, ele sempre fala: “Como é que as pessoas conseguem não trabalhar?”. Para ele, parar é o que faz mal. Então, se tudo estiver certo, com certeza ele vai disputar, com saúde e vontade de continuar fazendo o que sabe de melhor: contribuir para o país e para quem mais precisa.

Fonte: Metrópoles

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