Um policial militar foi filmado dando um tapa no rosto de um homem na noite de quinta-feira (9), durante uma manifestação contra a morte de Caíque dos Santos Reis, ocorrida no final de setembro, no bairro de São Marcos, em Salvador.
As imagens mostram dois PMs discutindo com o manifestante, que anuncia que está gravando. Na sequência, um dos agentes, que não teve o nome divulgado, guarda a arma e dá um tapa na cara da vítima.
Em nota, a Polícia Militar informou que o comando da corporação determinou, nas primeiras horas desta sexta-feira (10), o encaminhamento dos policiais envolvidos à Corregedoria Geral da corporação, para instauração de um inquérito policial e de um processo disciplinar, com o objetivo de apurar minuciosamente as circunstâncias do ocorrido e adotar as providências cabíveis.
A corporação disse ainda que "repudia condutas que se afastem dos princípios da legalidade, da ética e do respeito aos direitos humanos, reafirmando que não compactua com excessos ou desvios de comportamento e que atua com rigor na apuração de responsabilidades".
Morte e protestos
O adolescente Caíque dos Santos Reis, de 16 anos, foi morto a tiros durante uma operação policial em 28 de setembro, no bairro de São Marcos. De acordo com familiares, ele obedeceu a uma ordem para colocar as mãos na cabeça, mas foi baleado.
A Polícia Militar informou que equipes do Batalhão de Policiamento de Prevenção a Furto e Roubos de Coletivos (BPFRC) realizavam patrulhamento na Avenida Gal Costa quando receberam informação sobre a presença de indivíduos armados na localidade conhecida como São Domingos. Durante a incursão, um grupo de homens efetuou disparos contra os policiais, que reagiram.
Encerrado o confronto, dois suspeitos foram encontrados feridos e socorridos imediatamente para uma unidade de saúde, onde não resistiram. O outro jovem foi identificado como Matheus Daniel Chagas da Silva, de 21 anos.
A versão da polícia é contestada por familiares, amigos e vizinhos de Caíque. Segundo testemunhas, o adolescente havia acabado de sair de uma partida de futebol quando se deparou com as equipes policiais. Ele teria se rendido, mas foi alvejado por uma Pfem.
Desde então, moradores realizaram diversos protestos na região, cobrando justiça pela morte de Caíque. O jovem trabalhava em uma barbearia do bairro e começaria um emprego como atendente de confeiteiro no dia em que foi sepultado.
Ao BNews, a Polícia Civil reforçou que houve confronto entre agentes e suspeitos armados. Ainda segundo a ocorrência, foram apreendidas armas e drogas com a dupla.
Os policiais militares envolvidos na ação foram afastados das atividades de ruas. De acordo com a PM, logo após tomar conhecimento da ação, a corporação determinou a adoção imediata de um protocolo que estabelece medidas a serem aplicadas em situações de ocorrência com trauma, inclusive aquelas que resultam em lesão corporal grave ou morte.
Após prestarem depoimento individualmente, os agentes foram encaminhados ao Departamento de Promoção Social da PM, onde receberam acompanhamento psicológico especializado, participaram de atividades de apoio emocional e de palestras diárias voltadas à valorização da vida e aos valores humanos, permanecendo sob acompanhamento administrativo até a conclusão das investigações.
Fonte: Bnews