Após megaoperação no Rio de Janeiro, um vídeo antigo com ex-secretário e líder do CV voltou a circular. O estado testemunhou, nesta semana, a operação policial mais letal da sua história.

Enquanto autoridades atualizam os números de mortos, a web resgatou uma reportagem, exibida no ano de 2021, em que o ex-secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro (na foto acima, ele aparece à esquerda), aperta a mão de Wilton Carlos Quintanilha, o Abelha, apontado como liderança do Comando Vermelho (na foto acima, ele aparece à direita). Na época, o estado era governado por Claudio Castro (PL).

A megaoperação aconteceu na terça-feira (28) no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Segundo o governo estadual, 121 pessoas morreram, sendo 117 suspeitos e 4 policiais. Moradores relataram ter levado mais de 70 corpos para a Praça São Lucas, durante a madrugada de quarta-feira (29).

Após a operação, o governador Cláudio Castro confirmou apenas 58 mortes. Depois, em coletiva, a cúpula da segurança atualizou os dados: 117 traficantes e 4 agentes mortos. A Polícia Civil informou que 63 corpos foram achados na mata. Moradores falam em 74. A perícia vai investigar se essas mortes têm relação com a operação.

Com a repercussão da operação, voltou a circular nas redes um vídeo de julho de 2021. Nas imagens, Abelha deixa o presídio Vicente Piragibe, em Bangu, e cumprimenta Raphael Montenegro, então secretário da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). A cena gerou polêmica na época, já que Abelha tinha mandados de prisão em aberto e é considerado de alta periculosidade.

Segundo o Ministério Público, Montenegro e Abelha tinham um "acordo espúrio". A denúncia falava em apoio político nas comunidades dominadas pelo Comando Vermelho. Três dias antes da soltura, houve uma festa de aniversário para Abelha dentro da cadeia, com salgadinhos, refrigerante e bolo de aniversário. O ex-secretário, segundo a investigação, esteve presente.

Mesmo com mandados de prisão, Abelha foi solto no dia 27 de julho de 2021. A Seap consultou a Polinter, que alertou sobre os mandados. Ainda assim, a soltura foi feita. A defesa alegou que os mandados estavam recolhidos. A juíza de plantão negou o pedido, mas o traficante foi liberado horas depois.

Na época, o governador Cláudio Castro disse que Montenegro agiu por conta própria. “Ninguém negocia pelo governo. Se ele estava fazendo qualquer coisa, era por vontade própria”, afirmou em entrevista.

Em fevereiro de 2025, a Justiça do Rio rejeitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra Montenegro e Abelha por corrupção. A juíza Alessandra Bilac, da 42ª Vara Criminal, alegou que a investigação foi trancada por excesso de prazo. O MPRJ recorreu, mas o recurso ainda não foi julgado.

Abelha segue foragido e tem seis mandados de prisão em aberto. Em julho deste ano, foi decretada nova prisão por envolvimento na morte de Ana Cristina Silva, de 26 anos.

Apesar de ter sido preso em 2021 durante uma operação da Polícia Federal (PF), o ex-secretário Raphael Montenegro foi liberado poucos seis dias depois. Desde então, ele não voltou a ser preso e, em março de 2025, foi nomeado assessor parlamentar pelo deputado estadual Alexandre Knoploch (PL). O parlamentar bolsonarista justificou a nomeação afirmando que Montenegro é um advogado experiente e conhecedor do sistema penitenciário.

Fonte: Bnews